quinta-feira, 11 de julho de 2019

O Lobisomem





Este caso do Lobisomem me foi contado por um morador do interior do Estado de Pernambuco.

Minha avó morava num sítio. Ela contava que lá perto morava também um casal que tinha acabado de ter um bebê. A mulher era muito boa, trabalhadeira, e o marido dela, um caboclo magro e caladão.
Em uma noite de lua cheia, esse casal foi visitar uns parentes num outro sítio. Quando eles voltavam da visita, seguindo por um carreador, o homem disse para a mulher:
–Vai indo com o nenê, que... que... mais na frente eu encontro vocês...
Então, a mulher seguiu sozinha com o bebê no colo. Ao passar por uma porteira, um Lobisomem veio pra cima dela, querendo agarrar e devorar a criança. (Dizem que o Lobisomem gosta de comer criança que não foi batizada.) Então a mulher, que sabia disso, começou a gritar e a bater com a manta do bebê na cara daquela criatura peluda. Logo, o povo que morava perto veio acudir a mulher, e o Lobisomem fugiu dali. Assim a mulher seguiu em paz com o filho rumo a casa.
De manhãzinha, quando a mulher acordou, ela ficou aliviada de ver seu marido dormindo na cama. Mas quando olhou direito, viu que na boca dele tinha uns fiapos da manta do bebê enroscados entre os dentes.
Foi assim que ela descobriu que era casada com um Lobisomem. E toda noite de lua cheia, o homem saía, ia até o matagal, rolava no chão que nem um bicho louco, virava Lobisomem e ia procurar animais ou gente para chupar o sangue. Ele tinha de voltar a ser homem antes de o galo cantar, senão ficava sendo Lobisomem para o resto da vida.

Contado por Maurício Arruda Mendonça